Trabalho na Vila Olímpia.
Todos os dias me ponho a observar a multidão.
Cotovelada daqui, empurrão dali, o mar de gente luta para se libertar e descer naquela estação, o segundo round, na saída do trem.
O primeiro, as estas alturas já foi vencido bravamente, o paradoxo daqueles que tanto se esforçaram para entrar, e que agora, brigam para sair.
Sai um, dois, três, quatro, cinco...dez, cinqüenta, cem. Caramba, quantas pessoas ainda podem sair dali?
Muitas!
Olho para trás. Que coisa, agora há muito espaço no trem.
Escadas rolantes abarrotadas.
Em um movimento ensaiado, todos sobem, inquietos, ansiando pelo encontro com as catracas.
Marcham.
Engravatados com suas mochilas, moças de salto alto, serventes, ah, tem também a moça do black estiloso.
Ufa, saímos!
Na entrada da estação lá estão eles.
Figuras diárias.
Tem a tia que vende gorros, cachecol, luvas e coisas quentinhas de inverno.
Tem aquele moço do panelão. Mete a concha lá dentro, põe no copo, mas que diabos de meleca é aquela?
Dias de observação... e finalmente, eeeca, canjica!
Mas não é que sempre tem gente esperando para pegar a sua?!
Mais adiante outro tabuleiro: bolos, pães, garrafa térmica.
Café da manhã do pedestre paulistano.
Barraquinhas por todo o caminho.
No semáforo. Verde.
Recomeça a coreografia, sob a faixa de pedestres, e alguns metros além dela, centenas de pessoas correm para atravessar a rua.
Vermelho. Parar?
Não, não. A multidão continua a andar, todo segundo é precioso. Nada que um sinal vermelho e alguns carrões possam deter.
Lá vai a X5!
— Nooossa, bom dia morena!
Sempre tem um engraçadinho.
Carros se enfiam nas calçadas, insandecidos por aquela vaga preciosa no concorridíssimo estacionamento.
Fumaça. Isso me deixa maluca!
Pessoas bem vestidas, perfumadas, com carinhas de que tomaram um banhinho antes de sair de casa, mas com aquele cigarro nojento dando baforadas de fumaça nos transeuntes que estão atrás.
Iiiiiiiiiiilll
Tão bonitinho com essa coisa na mão!
Torço o nariz.
Na hora do almoço:
Visita a lotérica.
Lotada.
Visita a farmácia.
Lotada.
Visita a padaria.
Lotada.
Lotado.Lotado.Lotado.
Tudo na Vl. Olímpia é lotado!
Da janela do escritório dá para ver as máquinas trabalhando.
Mais um edifício, entre tantos, nascendo em meio ao ambiente já caótico.
Aonde isso vai parar senhor?
18hs.
Movimento contrário.
Ônibus fretados. Destinos variados.
Barraquinha de doces.
Barraquinha de bolsas.
Carrão na calçada.
Gente nas ruas.
Gente, gente, muita gente!
Ai, como essa vida na cidade grande cansa!
2 comentários:
Huahuahuaha:"bom dia morena!" é ótimo, infelizmente isso não faz só parte do cotidiano de cidade grande não...se bem que Cps anda tão caótica que até que parece bem grandona viu... Nessas horas me sinto realmente abençoada de entrar no meu carrinho e pé na estrada todo dia...Marisa Monte na Nova, quando não M.C. na Educadora, e por aí vai, o barulho do meu silêncio...Ninguém me encomoda nem mesmo o meu cigarro rs...Só fico encomodada com tantos carros querendo chegar de uma vez só conduzidos por pessoas que parecem não ter o mínimo de amor pela vida!
Apesar de tudo isso, ficar na calmaria da pacata Itu, me mostra que eu gosto mesmo é da agitação da Cidade Grande hauhuauh!
Beijos gata!
Canjica? ADOOOOOOOOOOORO, mas nunca comi dessas da rua. Fiquei com vontade acho que vou comer amanhã.
Cidade grande cansa? E para ser gente grande vc veio parar em uma cidade bem bem grande.
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