De fora da redoma, pela transparência de seu vidro, me prepraro para ver um outro lado da vista.
Com um certo esforço, coloco-me na ponta dos pés e com minhas lentes de aumento,
gradativamente, vou ampliando o horizonte.
Ao primeiro olhar tudo parece idêntico, é como abrir as portas de um lugar conhecido. Os móveis continuam igualmente dispostos, as fotos reproduzem caras conhecidas, o quadro traz lembranças.
Ao longe sorrisos, discussões, panelas no fogão, crianças brincando...O sol a pino, vai intensificando ainda mais aquele verde tão bonito.
Olho novamente...um pouco mais de zoom... As mesmas folhas, o mesmo céu, as mesmas casas, as mesmas cores.
Ok.um pouco mais de atenção! Espera!!! São as mesmas pessoas, sorrindo, discutindo, brincando...Não é que tudo continua mesmo ali?
De volta à redoma, averiguo mais de perto. Aparentemente, tudo está em seu lugar, assim como deixei.
Um pouco ressabiada, sento e observo, mas de repente, é como se eu não fizesse mais parte daquilo, é como se não coubesse
mais ali.
mais ali.
Como pode tudo parecer tão igual e ao mesmo tempo sentir tudo tão diferente? E nisso, o normal se torna estranho, desconfortável.
Assustada, permaneço alguns instantes em silêncio, ali parada.Respiro fundo.................................................
O cheiro traz lembranças. AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA. Muitas lembranças!
Mas novamente, frio na barriga, incômodo... Palavras homônimas, significados distintos.
As peças são as mesmas, mas o quebra-cabeças não se encaixa.
Não, não caibo mais aqui!
Um comentário:
"eu não caibo mas nas roupas que eu cabia...os anos se passaram enquanto eu dormia..."
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