How often do you find the right person?
(Com que frequência você encontra a pessoa certa?)
Recentemente me deparei com esta frase, chamada do filme Once, indicado por um amigo, que trata de encontros que acontecem “ao acaso”, que fazem bem para a alma e que ajudam a seguir o nosso próprio caminho de uma forma mais suave.
Há algumas semanas estive em um “retiro espiritual”, uma viagem em mim, que me rendeu muitos encontros, destes que acontecem “apenas uma vez”.
Abri todas as portas e janelas e parti: com o coração carregado e marcado; com a mente perturbada e cheia de perguntas; com um desejo enorme e com uma esperança.
No trajeto, entre o dormir e o acordar, entre uma freada brusca e um pensamento trágico, busquei orientação nas estrelas refletidas no vidro gelado e embaçado e fiz uma oração. A ironia? Não sei como chamar esta força que rege o universo e nunca soube identificar qualquer constelação. Ali... comecei a ME encontrar.
Reencontro.
Fui convicta de que este caminho eu devia seguir SÓ, um tabuleiro com um único jogador; um momento de reflexão em um lugar lindamente desconhecido, com tantos outros desconhecidos... e EU.
Quase no destino, um atraso de 20 minutos rendeu 1 hora e meia de espera, um amanhecer contemplando montanhas e 2 encontros, já não estava mais SÓ.
Conheci dois anjos me acompanharam durante toda a viagem, cuidaram de mim, riram comigo, torceram e ficaram ansiosos por todos os detalhes dos momentos em que não estavam presentes e tenho certeza, seguirão por perto por aqui também.
Amizade.
Quando mudei para São Paulo, comprei uma sacola de viagem verdinha, que desde então me serviu para quase todas as viagens que fiz. Mas desta vez, resolvi deixar as mãos livres e finalmente usar a mochila LARANJA que comprei para um acampamento que nunca aconteceu.
— A sua mochila não é igual a minha? – Ainda no caminho, um novo encontro; dois I’s em evidência, Israel e Irlanda mesclados com um marcante sotaque carioca e muita música; coincidências desconcertantes, intimidade. 450 km depois um breve reencontro e um coração que de repente se descobriu a pulsar...
Vida.
Nosso lar quase sempre é sinônimo de cuidado, e mesmo tão distante do meu, me senti completamente acolhida. Um hostel com cara de casa de amigos me deu de presente mais dois encontros especiais, do hebraico que sou incapaz de escrever, ela com o nome de vermelho escuro e ele, o presente do pai; viajantes que reavivaram em mim o desejo latente de ver todas as possibilidades há pelo mundo. Diante de tanta beleza a ser descoberta, como escolher o cinza de uma cidade grande?
Futuro.
Trilhas estreitas pela Mata Atlântica me mostraram a beleza de estar “dentro” da natureza e a efemeridade da vida, um passo separa o caminho até a cachoeira revigorante do barranco escorregadio.
Intensidade.
Contemplação; a espetacular ressaca do mar; ondas espumantes batendo nas pedras; noite de lua cheia; montanhas de um verde imponente; a areia espessa que de pronto ganha vida; os siris que brincam de esconde-esconde; o horizonte azul que parece infinito; a leveza que invade, trazida pela brisa do mar que bate no rosto; uma nova prece; muitos agradecimentos; um sorriso que brota; um choro incontido; música cantada da alma; um momento de silêncio; de repente, o som de uma voz sorridente e tagarela.
Libertação.
Enquanto sozinha eu buscava ME encontrar a VIDA me presenteou com outros lindos encontros. Acompanhada eu voltei para casa renovada e ENCONTRADA.
As pessoas certas aparecem com a freqüência que permitimos que elas se aproximem, umas são como uma avalanche, tão devastadoras e impactantes que nos deixam atordoadas, outras são suaves e delicadas; umas chegam e ficam, outras vêm para marcar apenas um momento isolado e se vão.
Encontros:
Da febre da adolescência: trabalho; amigas para vida; paixão por idiomas; uma família; o lar atual; escolha da faculdade.
Da faculdade: mudança de cidade; um emprego de verdade; grana; conhecimento de um novo mundo; contatos profissionais; mergulho no mundo cultural; viagem latina; uma nova amiga.
Da nova amiga: uma afilhada; uma nova família; muitas baladas; descobertas; um quadro dos sonhos; devaneios; uma parceria; novos amigos; viagens; mudanças; terapia.
Da terapia: orgulho vencido pela generosidade; auto-conhecimento; o pai que vira piada; briga; um cabelo assumido; um novo visual; um ano de folhas e folhas sobre o mesmo assunto; elaborações; um desejo; retiro espiritual.
Do retiro: um reencontro comigo; uma nova amizade; reconhecimento que a vida pode ser deliciosa; uma promessa de futuro; uma vontade de viver tudo com muita intensidade; sem me render aos não das convenções e finalmente... libertação, um coração disposto a dar e a receber e vice-versa, impreterivelmente nos dois sentidos.
Assim, de encontros, reencontros e desencontros caminha a vida...
10 comentários:
Isso que eu chamo de viagem em sí.
O texto está ótimo. As idéias organizadas. Tudo com uma cadência muito SUA, porque agora é assim que vejo essa minha amiga. CADA VEZ MAIS VOCÊ.
Fecho com um frase nada minhas mas que me cabe muito bem, e cabe aqui também: "A vida é feita de encontros, apesar de tantos desencontros"
UAU!!! CADA VEZ FICO MAIS ABISMADA COM O SEU TALENTO PRA ESCREVER!!!
UAU!!!!!!!!! E COMO GERALMENTE HÁ UM GRANDE "GAP" ENTRE UM TEXTO E OUTRO, FICA AINDA MAIS SABOROSO DE LER...CONGRATS!!! É MUITO NATURAL E EXPONTÂNEO, GOSTOSO DE LER, VERDADEIRO!
E "BY THE WAY", AMEI A FRASE DA LÉIA QUE NÃO É DA LÉIA: "A vida é feita de encontros, apesar de tantos desencontros"
BACCI
muito bom o texto.
Parabens,
maurizio
Carolzinha, andei surtando e me afastando um pouco dos comentários, pq se fizesse, ninguém ia me aguentar hoho
Mas cá estou!
Sim, a vida é feita de encontros... quando vc tá precisando de alguém pra conversar, para te ouvir e depois de um tempo, nada acontece. Quando decide retirar-se, a coisa acontece. É como a pessoa que vem te salvar na última respirada de um quase afogamento. Nao é um encontro - é uma salvação!
Ah, e já tô baixando o filme, chama-se APENAS UMA VEZ.
beijocas
É verdade, e vc vai encontrando seus anjos pelo caminho!
boas essas coisas né? vc se programa pra usar uma bolsa e acaba usando a mochila que comprou pra usar em outra situacao que nao aconteceu.. acabou dando tudo perfeitamente certo.. aahh, adoro albergues por isso tbm :)
amei tbm seu comentário bonito no post para francisco.
Um beijo
um beijo Carolzinha, e bom almoco entonces.
Carol!!! Ótimo seu texto, muito bem escrito, adorei. Além disso, ele passa uma energia muito boa, gostosa.
Já vi que vou ficar fã do seu blog.
Bjos
Carol!
Que texto lindo!
Agora que eu vou enlouquecer pra ver esse filme!
Beijo grande e vê se não para mais de escrever hein!
Beijos
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