Quando criança, não gostava de bonecas, na verdade, eu nem tinha muitas, minha brincadeira preferida sempre foi brincar de escolinha. Obviamente, eu sempre queria ser a professora.
Até meus 13 anos, eu era uma das melhores alunas da sala, sempre “disputando” o primeiro lugar com outras duas ou três meninas da turma.
Essa minha condição de nerd sempre me deixou muito próxima aos professores, mas não de todos, as de Português, é claro, eram as minhas preferidas, já que essa sempre foi a matéria com a qual mais me identifico até hoje.
Lembro de uma professa da 6ª série que era super enérgica e exigente; ela tinha uma aura de bruxa, com cabelos longos grisalhos e um olhar penetrante, assustador, ao mesmo tempo em que a temia também a adorava! Foi ela quem nos pediu para apresentar em sala o poema de Mário Quintana, “Recordo Ainda”; fiquei dias em casa ensaiando, declamando ao léu, absorvendo a nostalgia do soneto do alto dos meus 12 anos.
No entanto, a timidez não permitiu que eu o apresentasse em público, fiquei quietinha na minha carteira, balançando a cabeça negativamente ao ouvir meus colegas de sala lendo-o feito notícia de jornal, sem vida, sem alma, mas baixinho, declamava cada verso sentindo-os em mim, me apaixonei pelo poeta desde então, e ela, a professora, também me incentivou a ler pela primeira vez a antologia de Manuel Bandeira, e acho que assim, nasceu meu prazer pela Literatura.
Alguns mestres como ela me marcaram bastante, ainda lembro da professora da 2ª série que me chamava de “Maria por quê” – acho que ela não ficaria muito feliz em saber que isso não mudou – e que hoje mora perto da casa da minha mãe em Campinas; da professora gaúcha da 7ª série muito “gente boa” que mais parecia aluna; dos professores do cursinho, do que carregava um Tigrão para cima e para baixo e da que apagava a lousa feito um polvo desengonçado; do professor de inglês que minha paixonite não permitiu detectar que havia um porquê de ele gostar tanto de Madonna – Nossa Senhora das Tapadas, abençoe.
Não é novidade para ninguém que a Educação no Brasil está em sérios apuros, que os professores são mal remunerados, que há muito a profissão perdeu seu prestígio, e me dói dizer, seu respeito, mas o contexto se faz necessário para explicar meu destino, calma, que eu chego lá...
PS: Comecei a escrever e de repente vi que o texto estava grande demais para uma postagem só, então, continua no próximo post...
Um comentário:
Cheguei junto com seu retorno, feliz por ter novamente o Blog para acompanhar.
Beijocas
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