Do medo

"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade." - Carlos Drummond de Andrade

Certo, só de começar a pensar a escrever este post percebi que muita coisa senso comum e frases feitas serão inevitáveis.

De cara, uma música da Julieta Venegas me veio à cabeça: “Que poco original”.

Venho por meio deste falar sobre o MEDO.

Estava lendo o post da Mi “Sentir-se capaz” e ouvindo "Miedo" do meu querido Lenine e me pus a questionar no quanto, ao longo do alto dos meus 26 anos, me senti incapaz de algo, simplesmente paralisada pelo medo.

 

Medo de falhar, medo de não dar certo, medo de que dê certo, medo de ser feita de idiota, medo do que o outro irá pensar, medo de falar, medo de calar, medo de enfrentar, medo de partir, medo de olhar para trás, medo de arriscar, medo de seguir, medo de enfrentar, medo de crescer, medo de não merecer, medo de viver, medo de morrer, medo de esperar, medo de me apegar, medo de amar, medo do excesso, medo da falta, medo de me encontrar, medo de me perder, medo de corresponder, medo de não ser correspondida, medo de exigir, medo de cair, medo de me aproximar, medo de me afastar, medo da dor, medo de ser feliz.

MEDO, MEDO, MEDO, MEDO.

Tantos, que parecem infinitos, sempre presentes e com o poder impressionante de provocar momentos de certa inércia em mim.

E nisso, é interessante notar a disparidade da imagem que a gente projeta de nós mesmos, da imagem que o mundo tem projetada de nós.

É comum perceber uma fé das pessoas em mim, que muitas vezes, não entendo muito bem de onde vem. Talvez seja a alma do RP agindo nessas horas, fazendo com que o mundo acredite em algo que nem você mesma acha possível. Vai saber...

Apesar dos pesares, desde cedo sempre soube que as rédeas da minha vida quem controla sou euzinha aqui, então, com medo ou sem medo, aprendi que é preciso seguir em frente, ousando sim, enfrentado sim, quebrando a cara? Pode ser...

No entanto, como bem colocou meu querido Drummondinho estampado aí em cima, neste caso é preferível pecar pela persistência do que pela covardia. Por isso, essa frase foi morar na parede de um dos meus recantos, para me lembrar diariamente que poupar forças é desperdiçar a possibilidade da tão desejada felicidade.

“Medo de se arrepender

Medo de deixar por fazer

Medo de se amargurar pelo que não se fez

Medo de perder a vez”

De verdade, tenho muito mais medo de me arrepender por deixar de ter feito algo, do que da decepção. Tanto, que tendo a me jogar de corpo e alma nas coisas que acredito, porque, às vezes, simplesmente ser 50%, 70%, 90%, não vale a pena.

Este ano é o exemplo claro disso na minha vida, em TODOS os sentidos. Eu de um lado e o tal do medo, com cara de mal encarado, do outro. No melhor estilo faroeste.

Lá vou eu, colocando um pé no lago gelado, depois o outro, esfriando os pulsos, a nuca, respirando fundo, tomando fôlego, para o tão esperado mergulho.