Antes de continuar devo advertir que os relatos a seguir podem parecer meio bobos – e são –, no entanto, fazem parte de um período experimental, então, levem isso em consideração, ok?
Então, decidi que o 1º semestre eu me “daria” como período de teste pessoal, deixando o mundo corporativo em segundo plano, numas de se rolar rolou e me dedicando, do meu jeito, a ser “English Teacher”.
Acabou que “ganhei” a princípio 4 turmas e logo depois mais 2 foram herdadas no meio do caminho, ao todo mais ou menos 60 “students” sob a minha tutela, todos chamados pelo nome, obviamente.
Foi mágico o que a palavra “teacher” provocou a primeira vez que a vi relacionada a mim, num singelo papelzinho junto à camiseta da escola que me foi entregue: “Teacher Carolina”. Feito criança, toda saltitante e com um sorriso enorme, mandei mensagem para as amigas contando o fato “extraordinário”.
Na minha primeira aula estava absurdamente nervosa, incrível como uma sala com 15 pessoas pode ser intimidante quando se está inseguro, mas devo confessar que a sensação de frio na barriga que me acompanhou durante o primeiro semestre deste ano foi realmente viciante.
Dar aula para pré-adolescentes e adolescentes com certeza foi um dos maiores desafios, como manter uma turma entre 10 e 16 anos motivada, num sábado de manhã, com tanta diferença entre eles?
Na primeira explicação do “homework” tive uma pequena amostra do que viria:
Eu: “Nessa lição de casa, vocês precisam fazer esse caça-palavras com o vocabulário que a gente aprendeu nessa aula, tudo bem?”
Aluno de 11 anos se manifesta de imediato: “Ai teacher, isso é muito fácil para mim, porque quando eu tinha 7 anos, eu tive um tumor na cabeça, como eu não podia brincar eu fazia muito isso”.
Super! Imaginem minha cara de tacho ao ouvir essa assim, com o perdão da repetição, logo de cara!
Essa era uma das aulas que mais me desgastava, mas ao mesmo tempo a facilidade de aprendizado dessa galerinha era impressionante, colocavam muito adulto do mesmo nível no chinelo.
Quando criança eu sempre achei o máximo os professores corrigindo lição, mexendo naquele diário de classe azul, colocando os pontos e notas dos alunos; na primeira semana, mal podia esperar para aplicar na vida real o que adorava fazer “de brincadeirinha”, corrigi satisfeita, já reconhecendo a letra e as dificuldades de cada aluno.
Claro que ao longo do semestre este primeiro momento de êxtase se transformou meio que em lamentação, afinal, 60 x 2 por semana, é muita coisa para deixar qualquer um animado por muito tempo; impressionante como lição de casa se multiplica, parece o mesmo efeito que acontece com os jogadores da defesa de um time na sua grande área quando um ataque adversário se aproxima, e a gente pensa “de onde surgiram tantos vermelhinhos?” – ops, lembrança de Brasil x Coréia do Norte na Copa.
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Continua...
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